Do que falamos quando falamos de feminilidade?

O último fim-de-semana começou e acabou à mesa com conversas sobre Consultoria de Imagem. De um livro que gostava que conhecesse até às partilhas íntimas num jantar de amigos de longa data, os temas interligaram-se e fiquei com vontade de trazê-los até si.

Sexta-feira, 31 de Março de 2023

Eram 19h e a minha agenda relembrou-me o jantar marcado com a Márcia Flausino - ex aluna da Blossom, antiga professora universitária, eterna pesquisadora e autora do livro Consultoria de Imagem - Relações humanas, inclusão e respeito.  A obra reúne uma série de entrevistas e artigos académicos sobre a área, cruza o Atlântico e traz-nos perspectivas portuguesas e brasileiras. Tive a honra de escrever o prefácio português. Recebi o meu exemplar em mãos entre vinhos naturais, queijos, óptima música e melhor conversa. O livro mereceu toda a minha atenção e espero que venha a merecer também a sua. O lançamento será anunciado em breve e eu terei todo o gosto em partilhar a data consigo. Já voltamos a este tema.


Domingo, 2 de Abril de 2023

Um fim de tarde ensolarado em Oeiras é o que se quer para uma celebração entre amigos numa varanda com vista para o mar. Uma das minhas grandes amigas trocou a profissão de engenheira deixando a empresa onde estava há quase 20 anos para abraçar o seu sonho e começar uma nova carreira no mundo da cosmética natural. A coragem merece sempre um brinde, ou muitos, não é?

Entre mil e um assuntos, a anfitriã acabou por confessar aos amigos que a transição profissional lhe trouxe a sensação de que também a sua imagem tinha de mudar. Não sente um alinhamento entre aquilo que veste e a forma como se vê. Depois de anos num universo mais masculino que condicionou diversas escolhas do seu guarda-roupa, eis agora a LIBERDADE

O seu objectivo? Mais feminilidade. E entre exemplos e pontos de vista sobre figuras femininas, imagem e relação com o corpo, questionei e dei a minha opinião: Como se define a feminilidade? Há muitas formas de representar este conceito. E quem diz este diz, por exemplo, elegância, criatividade, modernidade, entre tantos outros. Perceber como é que cada um deles pode ser representado, varia de pessoa para pessoa e ainda bem. Um mundo de diversidade tem muito mais brilho, na minha perspectiva.

E à volta da mesa, entre opiniões diversas concordámos que, seja para quem cria uma marca, para quem trabalha por conta de outrem ou para qualquer papel (profissional ou pessoal) que desempenhemos na vida, a auto-expressão só pode vir da autenticidade. E para chegarmos à autenticidade, temos de parar e pensar em quem somos. Há várias estratégias para isso. Vou deixar-lhe um exemplo de questões que também coloco aos meus clientes. 

Será fácil e rápido responder? Claro que não mas, convido-o(a) a parar e tentar. Pode ser agora, amanhã ou quando lhe apetecer. Acredito que as respostas possam trazer-lhe uma clareza reconfortante.

  1. Quais são os seus valores? 

  2. Quais são as suas paixões? 

  3. O que gostaria de expressar com a sua imagem e porquê?

  4. Como é que quer que os outros o(a) vejam? 

E como é que isto se diz sem palavras? Entre outras coisas, com a linguagem não verbal. Prefiro chamar-lhe Linguagem Visual e é ela que também nos ajuda a expressar a nossa singularidade. 

Se todas as pessoas têm características, corpos e maneiras únicas de olhar e estar no mundo, é ou não é fascinante descobri-las?

Voltamos à conversa da varanda. Ofereci-me para apoiar a minha amiga nesta nova fase através de um programa de consultoria mais aprofundado que a ajudasse a resolver a ambivalência que sente em relação ao seu estilo pessoal. Embora sejamos amigas há anos, jamais embarcaria neste processo sem recurso à metodologia de trabalho que criei e que partilho no curso de Linguagem Visual da Blossom.

As ferramentas que uso, além de darem muito mais liberdade à cliente, permitem-me observar as suas escolhas sem partir de pressupostos baseados num olhar de “amiga” e nos enviesamentos que daí poderiam surgir. Imaginar que sabemos à priori o que é bom para o outro sem questionar é uma enorme armadilha.

Qual será o conceito de feminilidade da minha amiga e como irá expressar-se? 

Estes processos são tão enriquecedores para o(a) cliente como para mim.

Para terminar, voltemos ao livro da Márcia Flausino, mais especificamente a um excerto do artigo que o inaugura, da autoria da professora Ana Carolina Siqueira Martins e que nos fala sobre: “A desconstrução de estereótipos na consultoria de imagem”. Foi por isso que liguei estes dois momentos.

“(…) Imagine que uma cliente tem como desejo de imagem tornar-se mais elegante em seu ambiente de trabalho, devido a uma promoção para um cargo de maior renome. Essa informação básica abre uma grande gama de possibilidades que surgem na mente dos(as) envolvido(as) no processo de consultoria.  Nesse sentido, concorda comigo que já existe um imaginário em torno das palavras, da aparência e do estilo/imagem a ser projetada? Tal imaginação é construída por meio da memória e de signos previamente aprendidos que podem ou não orientar o consultor(a) de imagem a uma série de estereótipos sobre o que é elegância na nossa cultura. Desse modo, se tal profissional da imagem não estiver amparado(a) em conhecimento aprofundado e postura ética diante das reais necessidades do(a) cliente - que envolvem questões comportamentais, de trajetória de vida, condições financeiras, de biótipo e educação, por exemplo -, poderá propor um dossier de imagem clichê e padrão que pouco corresponderia, na prática, à realidade individual da pessoa consultorada. (…)  Assim, torna-se primordial entender que o trabalho de gestão de imagem conduzido por um(a) profissional especializado(a) requer estudos transdisciplinares em diversas áreas do conhecimento, contemplando desde a história da moda e da aparência, a estudos sobre comportamento humano, fundamentos do design e da configuração da imagem pessoal. (…)” 

Estas palavras resumem tudo aquilo em que acredito quando falamos desta profissão. Partir de visões estereotipadas sobre o que é “elegante”, “feminino” entre outros conceitos, é meio caminho andado para que tudo corra mal.  

Se tal como a minha amiga também estiver a sentir que a sua imagem está a atravessar um período atribulado, partilho consigo as diferentes propostas da Blossom para o solucionar.

E se o seu olhar, à semelhança do meu, também brilha quando falamos sobre estes temas de um ponto de vista mais profissional, aqui encontrará as datas dos próximos cursos da Blossom.

Obrigada por estar desse lado.

Dora

Dora Dias

Fundei a Blossom Image Consulting em 2009, uma das pioneiras na área da consultoria de imagem em Portugal.

Além de ser consultora de imagem para clientes particulares e corporativos, formo profissionais nesta área através de cursos da Blossom que têm diferentes níveis de especialização e uma abordagem multidisciplinar.

A MINHA VISÃO

Defendo que ajudar os outros na descoberta e afirmação do seu estilo pessoal é um processo que deve contemplar uma multiplicidade de abordagens, excluindo rótulos, regras e teorias pré-definidas. Por acreditar que “cada pessoa é um mundo*”, procuro compreender incessantemente a relação dos clientes com a sua imagem e as várias camadas que compõem o universo estético individual.

Partilhar a experiência profissional dos últimos 20 é um dos meus grandes prazeres e continuo a acreditar que o mundo é um lugar fascinante quando criamos harmonia à nossa volta e nos interessamos genuinamente uns pelos outros.

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