Estilo e liberdade: Blend in ou Stand out?

Pode escolher um dos moods. Ou os dois, se preferir.Comecemos pelo segundo.

STAND OUT

Regressei à Suécia há umas semanas. As 4 décadas de vida cheias de glitter e cor da minha irmã Lili mereciam uma comemoração grandiosa. E foi o que aconteceu.

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Quando o assunto é estilo pessoal, a Lili é a minha grande inspiração. Não porque quisesse usar o que veste, mas porque o faz admiravelmente. Vive no binómio da liberdade VS consistência. E por isso é que o seu estilo é fácil de reconhecer. Não só por mim, mas por quem está à sua volta.

Recebe elogios quando se cruza com pessoas desconhecidas na rua. As mais tímidas não falam, mas observam-na. Há que adjetivar (o estilo) para que o leitor visualize o que quero ilustrar.  

É DIVERTIDO, CRIATIVO, ROMÂNTICO, COLORIDO e EXUBERANTE. Não se prende a dress codes - um vestido de brocado rosa, verde e dourado com uma silhueta rodada, mangas de balão e um volume quase barroco fica perfeito com uns Nike Air Max para um passeio num jardim às 12h.

A sua pele é branca, o cabelo é ruivo e longo como o de uma menina dum conto de fadas.

A cidade que escolheu, a casa onde vive, os livros, os filmes, a música e todo o universo que criou em seu redor estão alinhados com a imagem que projeta.

A minha irmã veste-se conforme a grandiosidade que lhe vai na alma, no cérebro e no coração.

E diverte-se muito ao fazê-lo.

No outro dia ligou-me entusiasmada e partilhou: 

“Não vais acreditar no que ouvi de um amigo! Disse-me:

- Adoro o teu estilo. Faz com que me sinta sempre bem ao teu lado. És tão livre que também eu posso ser. Sei que nunca irás julgar-me.” 

Eu acreditei no que o amigo lhe disse. Acreditei tanto que memorizei a frase e pensei nela para poder escrever sobre o assunto. 

Além de toda a beleza que há nas palavras do amigo da minha irmã, dei por mim a pensar que o que sustenta figuras de estilo memoráveis (Lili incluída) é a liberdade com que fazem as suas escolhas. 

Pense comigo - Iris Apfel, o Duque de Windsor, Miles Davis, Diana Vreeland, Gianni Agnelli, Grace Jones, Steve McQueen, Coco Chanel, Andy Warhol ou Jane Birkin - o que têm em comum?

Nunca se preocuparam com convenções. Vestiam-se de acordo com aquilo em que acreditavam e conforme a vida que levavam. Tornaram-se ícones. Sobreviveram ao tempo. 

Voltemos à Suécia e mudemos de mood.

BLEND IN

Enquanto passeávamos por Södermalm e cumpríamos as nossas rotinas preferidas - visitar livrarias, pastelarias, restaurantes e jardins - mantivemos o hábito do costume - contemplar o ambiente e as pessoas ao redor.

“Aqui toda a gente está em modo blend in, dizia-me a minha irmã. Casacos acolchoados que variam entre preto, cinza, azul-escuro ou bege. Botas de borracha, tote bags XL, cabelos claros presos num rabo de cavalo, rostos com bronzeados artificiais e argolas douradas. O minimalismo impera. As montras são assim. As ruas também. Eu acho uma certa graça. A minha irmã nem tanto.

“Porquê blend in quando se pode stand out?” - questionava-se, meio aborrecida.

E mais uma vez, a Lili deixou-me a pensar. 

Se existissem dois extremos, este seria o das pessoas que preferem fundir-se com o ambiente. Inserir-se no contexto em vez de sobressair. 

O que me ocorreu com a pergunta da minha irmã foi que talvez tenhamos todos um pouco dos dois. E esse pouco pode caminhar de extremo a extremo e demorar-se mais num deles, conforme as nossas emoções. 

Pela minha experiência profissional, a maioria das pessoas sente-se melhor se estiver mais perto do polo da discrição. 

E por quê? Não existe só uma resposta, mas deixo 7 hipóteses que ouço com frequência por parte dos meus clientes:

1. Medo de arriscar e fazer má figura

2. Cometer “erros de estilo” (seja lá o que isso for)

3. Inseguranças geradas por falta de autoconhecimento 

4. Crenças e mitos que foram incutidos por terceiros

5. Desconhecimento sobre o que favorece (outro tema que daria toda uma newsletter)

6. Falta de jeito para coordenar roupa (ou cores, ou acessórios)

7. Preferência por assumir uma presença discreta 

À excepção do ponto 7, escolher a discrição pode ser sinónimo de medo, de frustração ou de insegurança.

Noto que nos programas de consultoria de imagem (e até durante os cursos da Blossom, para quem estuda para ser profissional da área), estas situações que enumero de 1 a 6 tendem a dissipar-se. 

Conhecermo-nos permite-nos expressar as diferentes facetas da nossa identidade sem grandes receios.

E essa ausência de medos, reafirma a nossa presença no mundo. Seja ela mais discreta ou mais ousada. É uma presença mais consciente. Mais assumida.

Quando sabemos quem somos, do que gostamos e como queremos sentir-nos, as nossas escolhas são refrescantes, divertidas e inspiradoras.

Como a Lili.

E no seu caso? Em que polo é que costuma passar mais tempo? E por quê? Adoraria saber as suas motivações e descobrir um pouco mais sobre si.

Obrigada por estar desse lado.

Dora Dias

Fundei a Blossom Image Consulting em 2009, uma das pioneiras na área da consultoria de imagem em Portugal.

Além de ser consultora de imagem para clientes particulares e corporativos, formo profissionais nesta área através de cursos da Blossom que têm diferentes níveis de especialização e uma abordagem multidisciplinar.

A MINHA VISÃO

Defendo que ajudar os outros na descoberta e afirmação do seu estilo pessoal é um processo que deve contemplar uma multiplicidade de abordagens, excluindo rótulos, regras e teorias pré-definidas. Por acreditar que “cada pessoa é um mundo*”, procuro compreender incessantemente a relação dos clientes com a sua imagem e as várias camadas que compõem o universo estético individual.

Partilhar a experiência profissional dos últimos 20 é um dos meus grandes prazeres e continuo a acreditar que o mundo é um lugar fascinante quando criamos harmonia à nossa volta e nos interessamos genuinamente uns pelos outros.

https://www.blossom.pt
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